A futurologia define-se como:
"Ramo de conhecimento que especula acerca do futuro, com o fim de antecipar os futuríveis, ocupando-se da explosão demográfica, de possíveis mutações genéticas da humanidade, de processos revolucionários da biologia e da higiene, da segunda revolução tecnológica, do futuro da sociedade e suas instituições políticas e econômicas. (Aurélio eletrônico v. 2.0, 1998)."
"Indagaremos o estudo a distância tal que poderá funcionar em mais ou menos trinta anos daqui.
Somos a 23 de abril de 2030. terça-feira, são duas e meia da tarde, Zé, estudante a distância no ensino superior, está tomando banho de chuveiro. Após fresco e bem acordado, passa na cozinha para tomar um suco natural gostoso. Toda tarde de quarta-feira é reservada para estudar. Zé programou-se para estudar à tarde, quartas e sábados. Zé foi liberado pela empresa uma tarde por semana para favorecer o seu ritmo de estudo; esta concorda com a necessidade da formação continuada dos seus empregados.
Zé vai no seu escritório, liga a impressora, pega o teclado, o mouse e o microfone, todos sem fio, o livro de acompanhamento do curso e dirige-se para a sala de estar que é outrossim a sala de televisão, pois torna-se a sala de estudo nessas ocasiões.
A esposa está trabalhando na agência de turismo, durante o expediente da tarde e os dois filhos estão na escola. Exatamente por isso, Zé escolheu quarta-feira a tarde para uma sessão de estudo. Sábado a tarde, foi entendido entre ele e sua esposa que, este semestre, ela iria com os filhos na lição de música. Assim goza de tranqüilidade e pode ter o telecomputador à sua disposição sem incomodar os demais.
Nas suas sessões de estudo, sempre senta na poltrona azul bem aconchegante. Além de confortável, há uma mesa quadrada à sua direita que aloja todo o material do que precisa para estudar; assim Zé tem todo ao seu fácil alcance. À esquerda, tem uma mesa menor, redonda, sobre a qual cabe a garrafa de água, o copo, e o prato com a maçã, merenda a meio caminho da sessão de cerca de três horas à qual se submete semanalmente.
Essa poltrona não está bem em frente do televisor, porem o ângulo de visão não incomoda Zé. O aparelho de televisão é do tipo alta definição de imagem (HDTV) com tela plana de trinta e seis polegadas de formato cinema (16 x 9) 1 . Ele tem uma ligação sem fio com o computador no outro quarto. Zé liga o televisor com o telecomando universal e vai imediatamente no canal reservado à comunicação com as universidades para ver aparecer na tela a área de trabalho semelhante à de um computador.
Hoje, vai abordar a quinta lição das trinta compondo seu curso. Depois de ter chamado a página de entrada do curso, Zé digita seu código exclusivo de estudante e sua senha, clica no ícone "lição 5". Aparecem as opções à disposição do Zé. Entre elas, há a sala de bate-papo onde acontece confraternização entre estudantes entre si e com os professores. Mas, Zé quer estudar e não passa naquela sala.
Vamos parar um momento para apresentar a plataforma educacional que suporta o curso do Zé.
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Eis a estrutura da plataforma com o qual Zé estuda.
Para estudar, Zé tem acesso as opções seguintes:
• Sala de aula: para acessar, Zé chama o número da lição e ela se carrega automaticamente no seu computador. Pois, ele está pronto para começar
a trabalhar. As aulas expositivas nunca ultrapassam 30 minutos.
• Laboratório: este armazena as apresentações práticas: demonstrações de experiências científicas, observações em situação real de teorias e
1 O televisor de formato NTSC (America do Norte) como o PAL-M (Brasil), tecnologia analógica, tem uma tela de quatro unidades de largura por três de altura enquanto HDTV tem uma tela de 16 unidades de largura por 9 de altura.
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princípios, dramatizações ilustrando: o como fazer, o como resolver, os riscos de tal procedimento, de tal decisão, e assim por diante. Essas
curtas metragens, raramente mais de cinco minutos, são disponíveis ou entrando pelo Laboratório, ou selecionando um vínculo (link) de
hipertexto, ou por um convite do professor numa aula expositiva ou a partir de uma sugestão do tutor numa orientação síncrona.
• Biblioteca: ela tem um acervo completo de todos os textos, de todos os livros, utilizados, citados e sugeridos pelo professor em qualquer parte do
curso. Oferece também sugestões de outras fontes de informação (link) na Web. Além disso, tem seções: hemeroteca, mapoteca, mediateca como
fontes complementares do material do curso.
• Tutoria: tem um corpo de tutores. Cada curso tem seus tutores especializados para prestar apoio aos estudantes que precisam de ajuda
pedagógica. A tutoria é disponível, nos horários mais freqüentados pelos estudantes, por um total de doze horas por dia, sete dias por semana. O
tutor é chamado via o computador do Zé até o do tutor. Este, uma vez chamado e livre, liga-se com o computador do Zé e aparece numa
janelinha da tela do computador e interage com Zé ao vivo. Senão, Zé está convidado a deixar um recado na caixa vocal dele.
• Avaliação: todos os tipos de avaliação: formativa e somativa, encontram-se disponíveis aqui. Zé está dirigido nesta seção ou pelas
orientações do professor ou do tutor, ou pelas indicações inseridas nos documentos do curso.
Se Zé precisar de ajuda de outros tipos, tem ícones para:
• Administração: aqui se cuida dos processos administrativos desde o primeiro contato com a universidade até a formatura. Tem serviços
automáticos, programados no sistema de atendimento e outros acessíveis por via de um funcionário nos horários de expediente. Neste último
caso, se Zé estiver fora de um horário de expediente, explica a razão da sua comunicação na caixa vocal da seção administrativa e fica esperando
uma resposta o próximo dia útil.
• Serviços técnicos: se, por exemplo, houver um corte nas comunicações, Zé pode, através do telefone, receber uma informação lhe explicando o
que está acontecendo. Para receber esclarecimento sobre qualquer pergunta diz respeito ao funcionamento tecnológico do sistema, Zé tem
acesso a uma banca de ajuda para consulta rápida ou pode falar diretamente com um técnico nos horários de expediente deles.
Voltamos à sessão de estudo do Zé.
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Zé chama a lição. Começa com uma leitura. É um curto texto de apenas dez minutos.
O texto ressalta os conceitos já adquiridos e essenciais para entender o conteúdo da lição Cinco. Zé lê o texto antes de assistir à lição Cinco.
Chama de novo: "Lição cinco". A lição já armazenada no seu computador inicia. Após os preliminares, o professor aparece e cumprimenta Zé: "Boa tarde José Garcia, hoje teus objetivos de aprendizagem são os seguintes: (...) Mas, antes, quero te fazer quatro perguntas sobre os conceitos ressaltados na leitura preparatória. Pega caneta e papel para escrevê-las. A primeira questão é: ... . ...A quarta é: ... .". Foi rápido demais; Zé chama uma parada: "Pará! – Volta três segundos!". Assim, a apresentação das questões volta e Zé ouve a questão de novo e teve tempo de copiá-la. De novo, manda parar a lição para redigir suas respostas. Tiro dez minutos para responder, sendo que teve que referir a uma parte da lição quatro. Chamou as respostas, o professor deu as suas sugestões de resposta e terminou convidando Zé a se comunicar com o seu tutor se ainda ficava com dúvidas. Como Zé não encontrou dificuldade, chamou a continuação da lição cinco.
A parte expositiva voltou. A primeira parte da apresentação do professor durou dez minutos terminando-se com um convite a realizar um rápido teste objetivo. Zé respondeu as questões com o teclado, errou na resposta à quarta, recebeu instantaneamente um texto na tela explicando o significado desta resposta errada lhe indicando qual for seu ponto de não entendimento da matéria exposta e onde nas lições anteriores pode encontrar esclarecimento.
Começou depois a segunda parte da lição. Após cinco minutos de exposição, Zé perdeu sua concentração, pensou na solução de um problema encontrado ontem no trabalho.
Paro a apresentação para fazer uma pergunta; dito-a no microfone. Apareceu o texto digitado da questão que não continha erros. Zé chamou a resposta, a leu e foi satisfeito. Mandou continuar a apresentação.
Após dez minutos, teve uma outra dúvida e, de novo, fez uma pergunta. Três questões foram exibidas semelhantes à do Zé. Nenhuma correspondia à sua, por conseguinte Zé escolho a opção «nenhuma». Aparacerão na tela duas opções : mandar a questão para o tutor para uma resposta deferida ou mandar a questão para o tutor para uma resposta imediata. Zé olhou para seu relógio e viu que não tinha tempo para esperar e discutir imediatamente com o tutor, optou para deixar a resposta para mais tarde e voltou à apresentação do professor.
Terminou o segundo terço da aula. Houve outro pequeno questionário de tipo objetivo ao qual Zé respondeu sem erro. Começou a última parte da aula.
Desde o início desta parte, Zé quis fazer uma pergunta; pela segunda vez interrompeu a apresentação. Para isso, clique no ícone «?» e faz sua pergunta no microfone. Demorou uns segundos para ver aparecer umas perguntas, cada uma tendo as palavras-chaves da sua própria pergunta na sua formulação; está convidado a selecionar uma das perguntas ou nenhuma. A terceira pergunta é semelhante à sua e Zé chama : «Terceira» e o professor aparece para dar a resposta à questão.
O professor termina sugerindo uma leitura complementar para quem quer aprofundar os conceitos explicados nessa questão e disse que Zé pode clicar no ícone «livro» para que esse artigo seja depositado na sua biblioteca particular residente no seu computador assim aumentando o acervo referencial do seu curso. Zé, não querendo ler este artigo no momento, clicou no ícone para inclui-lo na sua biblioteca pessoal do curso.
A aula termina com um questionário recapitulativo de dez questões as quais as respostas aparecem pelo simples fato de clicar sobre a questão; para cada uma dela, Zé só formou a resposta na mente depois clicou para conhecer a resposta sugerida pelo professor, na forma de um curto texto.
Zé ainda tinha mais quarenta minutos disponíveis. O tutor, Benedito, tinha convidado-o a passar o primeiro teste de avaliação formativa sobre as cinco primeiras lições; Zé decidiu realizá-lo. Clicou no ícone de avaliação para depois selecionar «formativa», entrar sua senha para chegar ao primeiro teste formativo da sua lição. O teste conta dez questões. Zé respondeu as questões dentro dos quarenta minutos e mandou o teste para ser corrigido. Recebeu imediatamente as sugestões de resposta as questões e suas respostas foram entregues ao tutor, o Benedito. Zé tinha pedido Benedito como seu
tutor porque já tinha estudado com ele num outro curso e gostou dele, da sua abordagem ao auxílio pedagógico.
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Somos na tarde de sábado, a 27 de abril de 2030. O mesmo ritual preparatório aconteceu antes da sessão de estudo do Zé. Entrando no seu curso, vê que tem uma mensagem do seu tutor, o Benedito. Este comenta suas respostas ao teste formativo da quarta passada. Antes de começar a sexta lição, Zé chama o comentário gravado por Benedito; é um vídeo de cinco minutos. Escuta os comentários do Benedito. Está em
dúvida sobre a divergência entre sua resposta, a sugestão de resposta recebida imediatamente após o teste e os comentários do Benedito. Chama o Benedito mas está de folga, aciona a caixa postal vídeo do tutor e grava um vídeo comentando sua visão e pedindo-lhe esclarecimento acima do já explicitado. Deixa seu comentário na caixa dele e volta ao seu curso para pedir carregamento da lição.
Esta lição é mais difícil. Zé passou duas horas e meia assistindo a apresentação do professor duas vezes e fazendo umas leituras complementares para melhor entender os conceitos novos desta lição.
No final da sessão, foi na sua caixa postal eletrônica e pegou uma mensagem do professor. O professor mandou para todos os seus estudantes um convite para assistir a uma conferência que ele ia dar na quinta-feira da próxima semana, dia 2 de maio, no auditório principal da faculdade. Os que moram perto do campus da universidade podem assistir de graça; é só imprimir o convite e apresentá-lo na entrada da sala. Para os que residem fora, longe do campus, o professor informa que o vídeo da conferência estará disponível no seu site a partir da segunda-feira, dia 06 de maio.
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Segunda-feira seguinte, Zé, curioso de conhecer a posição do seu tutor, desde chegar em casa no final da tarde, va na sua caixa postal eletrônica e encontra o último comentário do Benedito; este respondeu de viva voz. Satisfeito com o comentário, Zé desliga o computador.
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Em setembro de 2030, Zé foi convidado pela empresa a ocupar uma função de responsabilidade numa cidade a 1.000 quilômetros da sua, uma promoção importante.
Mas, deverá passar entre seis e dez meses morando longe da esposa porque a possibilidade dela o acompanhar acontecerá somente dentro deste prazo. Volta para casa para discutir a questão com sua esposa. Após enumeras considerações, acharam que ia ser bom para eles a longo prazo e que os inconvenientes de curto prazo podiam ser superados com essa perspectiva do melhor a vir.
A mudança era para acontecer em novembro. Fim de outubro, Zé foi no site da universidade no setor administrativo. Encontrou, na lista dos processos, o de mudança de endereço. Rápido foi dirigido no início do processo. Para iniciar foi convidado a digitar seu número de dossiê estudantil e a senha pessoal de acesso aos serviços e recebeu o formulário preenchido inicialmente com o convite a introduzir as modificações necessárias. Fez todo direto e entregou o formulário com as correções necessárias.
O dia seguinte recebeu a confirmação das correções registradas no sistema da universidade com a lista de modificações conseqüentes e foi convidado a confirmar sua exatidão. Assim, a sua mudança de endereço ia ser ativada o dia indicado por Zé como primeiro dia de vigência desse novo endereço.
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Após ter-se instalado na nova cidade, Zé, num Sábado de fim de novembro iniciou sua primeira sessão de estudo em casa. Havia comprado um telecomputador HDTV menor do que aquele que deixou com a mulher mas suficiente para as necessidades de estudo.
Tinha começado um novo curso, tendo tido êxito no outro antes de se mudar.
Chamou a lição na tela do seu telecomputador e assistiu à aula do professor. Até agora achava o curso fácil. Mas, hoje, assistiu duas vezes à parte expositiva da aula sem entender suficiente para conseguir resolver os problemas sugeridos na Segunda parte.
Olhando as soluções, ainda ficava com muitas dúvidas.
Ligou para Benedito através da rede interna do curso. Benedito era disponível.
Contatou o Zé e os dois iniciaram uma videoconversa. Quando Zé lhe explicou o que estava acontecendo, Benedito lhe respondeu que, efetivamente, esta lição tinha-se achada difícil pela maioria dos estudantes mas que havia uma alternativa.
O professor foi informado do freqüente problema de compreensão do conteúdo dessa aula e contrato Benedito para a reformular. Numa pesquisa que este último fez na Internet, encontrou uma aula de um professor numa universidade britânica muito bem feita. Houve um empréstimo daquela aula por o período de revisão e ela está à disposição dos estudantes com tradução em português. Zé pediu para ver agora essa aula sendo que estava no assunto desde mais de duas horas.
Zé assistiu esta aula que lhe propiciou uma abordagem diferente para entender dois dos conceitos-chave dessa porção da matéria do curso. Ajudou muito.
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No final da lição, Zé vai na sala de bate-papo da universidade. É costume se identificar corretamente como tal estudante de um curso dado de maneira a facilitar a discussão sobre assuntos comuns entre estudantes de uma mesma disciplina ou de um mesmo curso. Havia doze estudantes ligados na “sala” de bate-papo. Sendo poucos os participantes, Zé mandou instalar, na sua tela, janelas individuais para cada um dos nove outros participantes. Notou um participante que parecia conhecido; apesar de cara de adulto hoje, havia traços da cara de um menino de onze anos que foi companheiro de quarto durante um campo de verão há uns vinte e cinco anos.
Escolheu o som vindo dele mas não falava. Zé dirigiu uma pergunta para ele exclusivamente: Será que você é Mário que passou três semanas compartilhando o mesmo quarto num estágio de verão com Zé Garcia quando tinha 11 ou 12 anos de idade? Mário respondeu que sim, que o reconhecia e estava feliz de revê-lo.
Imediatamente perguntou onde Zé morava. Que felicidade! Os dois moram agora na mesma cidade e são sozinho; Mário é divorciado. Marcaram para jantar junto a mesma noite.
Foi uma noite de reminiscência refrescante falando das suas trapalhadas de meninos de onze anos e contando para o outro o caminho de vida entre aquele estágio de verão e esse encontro fortuito no corredor virtual da universidade em que estavam ambos se atualizando.
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Chegou a hora da monografia de fim de curso.
Zé estava com uma fonte bibliográfica de uns cento e vinte textos variados, de livros e artigos de revista a intervenções em fóruns eletrônicos e páginas de vários sites da WWW. Todos se encontram no seu livro eletrônico (LiEl) (ebook), mas também no LiEl do professor; o professor tem um para cada orientando. Cada vez que o orientando integra um documento no seu LiEl, este transmite automaticamente uma cópia para o do professor dedicado exclusivamente a este estudante; ele tem um para cada estudante.
Há duas semanas, Zé marcou para hoje uma videoconsulta com o professor. Às quatro da tarde, os dois entraram em contato via o telecomputador; na tela do Zé, o professor aparece em primeiro plano e Zé numa janelinha (um oitavo da tela) no canto superior esquerdo. Na tela do professor, é o inverso. O assunto é a bibliografia constituída e seu estado referente ao objeto de pesquisa do Zé. A consulta durou uma hora e foi já marcado um outro video-encontro três semanas depois. Houve um processo de eliminação de um certo número destas a partir de critérios discutidos entre Zé e seu professor. O professor indicou a Zé como tratar os componentes da sua bibliografia e fazer um levantamento dos subsídios conceituais que esta ia lhe providenciar.
E assim, progressivamente, durante seis meses, Zé realizou sua pesquisa e redigiu sua monografia com a orientação periódica do professor através de vídeoconsulta; no total foram sete.
Dez colegas terminaram no mesmo mês sua formação em diversos outros cursos.
Foram convidados para uma videosolenidade na tarde de um sábado onde o reitor da universidade ia parabenizá-los e proferir uma aula de despedida geral sendo que dos dez só dois eram formando do mesmo curso.
Todos compareceram e tiveram oportunidade de trocar emoções, comentários, recordações de momentos cômicos e trágicos do seu percurso. Havia um estudante presente na mesma sala que o reitor e os outros componentes da mesa sendo que ele morava na mesma cidade. Todos os outros assistiram e intervieram em casa.
Zé tinha convidados, além da esposa e dos dois filhos serem presentes, a sua mãe, uma tia querida e três primos com seu cônjuge e filhos. Foi bem agradável a festa seguindo a videosolenidade.
A videosolenidade se terminou em um pouco menos de duas horas, cada um dos formandos encerrando a solenidade com um último comentário e a certeza de receber seu diploma nas próximas semanas.
Uma maneira de aproveitar este texto é a leitora, o leitor produzir sua própria visão do estudante do século XXI. Uma outra é de tentar responder a questões voltadas para a crítica sobre essa visão. Para completar essa reflexão, destacamos umas questões que tenham tal interesse.
1. Zé é um estudante presencial ou “à distância”?
2. Para tal ensino existir, falta uma tecnologia? Qual?
3. Esse cenário é realmente futurista? Por quê?
4. Quem tem vontade de estudar nessas condições?
5. O ano 2030 é um prazo razoável para que encontrasse-se um estudante
estudando em casa em tais condições?
6. A tecnologia melhora o ensino e/ou a aprendizagem?
1. A evolução do EaD com a aparição das TIC, nos indica que há uma tendência a diminuir “a distância” entre presencial e “a distância”. Um exemplo disso encontra-se na Universidade Federal de Santa Catarina que trabalha com a videoconferência síncrona através do Brasil. O desenvolvimento das plataformas vá também na direção de facilitar a transição, para os professores “presenciais”, ao uso da tecnologia para atingir estudantes potenciais que nunca terão condições favoráveis à frequentação do campus. Assim podemos intuir que as instituições de ensino do futuro serão bimodais; pensa-se que o “a distância” desaparecerá do vocabulário educacional.
2. Não falta nenhuma tecnologia para fazer esse cenário realidade. Todavia as TIC precisam ter uma implantação generalizada para permitir a velocidade de transmissão requerida por esse cenário. É mais uma questão de custo que pode impedir o ritmo de implementação de infra-estruturas possibilitando esse tipo de sistema educativo.
3. Será que o que está sendo encarado como futuro já exista em algum lugar no planeta, quer a título experimental quer em desenvolvimento? A literatura consultada não permite responder sim. No entanto, no setor privado do e-learning, nas oficinas de pesquisa e desenvolvimento, acreditamos que haja trabalhos feitos com esse tipo de visão do futuro por traz da cabeça dos profissionais.
4. Nossa trabalho foi feito na perspectiva da formação contínua, da formação dos adultos. Se for um sonho nosso de estudar em tais condições, pode-se deduzir que haja outros candidatos - número indeterminado - a essa maneira de estudar.
Vale a pena visitar o site do Laboratório de Educação a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina para, com os seus projetos realizados e
em andamento, ver o interesse para o uso das TIC ea favor de uma formação profissional na escala do território do Brasil.
5. Tal desenvolvimento pode acontecer antes de 2030. Realizar a integração das tecnologias nos sistemas educacionais é um sonho similar ao da conquista da lua nos anos sessenta. E também, esta vontade de aproveitar as tecnologias na educação pode se constatar no fato de que desde as máquinas de ensino dos anos 1940 houve estudos e pesquisas sobre a melhor maneira de usar essas tecnologias no ensino, falamos do ensino presencial. O dinheiro está disponível quando se trata de tecnologia; foi observado por Froese-Germain e Moll (2001) que, apesar de uma redução dramática das despesas públicas em educação, as palavras «tecnologias de informação» abriram o financiamento para o equipamento tecnológico no campo da educação em vários países.
1 Ressaltamos nosso comentário na resposta 3: o setor educacional privado,
comercial, está nesse ramo e para estender seu mercado. A Secretaria da Educação a Distância (SEED) anunciou, há pouco, um projeto de investimento maciço no e-learning. Vejamos isso como um primeiro passo na direção da nossa hipótese futurística.
6. Qualquer que seja a tecnologia, ela não tem potencial de melhorar diretamente a aprendizagem, não mais que a organização de uma sala de aula. Ela pode contribuir a condições de excelência no ato de aprender quando o estudante está motivado e se investe no empreendimento. Mas, enquanto o ensino, ele pode melhorar através da melhoria do sistema. Com um sistema educacional melhor, pode-se fazer a hipótese que o estudante terá melhores condições para ultrapassar suas fraquezas nos seus esforços de conquista do conhecimento.
Chegando ao fim desse trabalho, eis uma outra questão. Este tipo de exercício tem valor na reflexão científica sobre o campo de conhecimento que é o do EaD? Tem duas vertentes tradicionais na tentativa de entender cientificamente o funcionamento do EaD com as tecnologias: uma é a comparação com o presencial e a outra, os efeitos das tecnologias sobre a aprendizagem.freqüentação. Neste exercício futurístico, o foco foi posto nas condições do exercício de aprender. A premissa é de que haverá, para o
1 Basta lembrar do programa de implantação do computador nas salas de aula dos ensinos fundamental e médio (o Proinfo) para ter demonstração disso.
estudante motivado, aprendizagem de qualidade acrescentada pelo fato de ter em mão todo o equipamento e o meio ambiente favorecendo esta atividade humana que é o aprender. Um esforço do mundo da educação para criar esse conjunto ergonômico:
instrumentos e meio, vale tanto no EaD quanto no ensino presencial.
. A futurologia define-se como:
Ramo de conhecimento que especula acerca do futuro, com o fim de antecipar os futuríveis, ocupando-se da explosão demográfica, de possíveis mutações genéticas da humanidade, de processos revolucionários da biologia e da higiene, da segunda revolução
tecnológica, do futuro da sociedade e suas instituições políticas e econômicas. (Aurélio eletrônico v. 2.0, 1998). (grifo nosso) O exercício futurístico em si merece ser repetido porque dá uma visão integradora, embora idealizada, do potencial - percebido pelo futurólogo - das tecnologias vistas na perspectiva dos benefícios oriundos do conjunto e não de cada uma. A integração das tecnologias tem mostrado que gere benefícios que a soma delas não tem.
Eis uma penúltima colocação: um convite à prudência em matéria de tecnologias. Em 1889, final do século XIX, a prestigiosa revista Scientific American pressentia que: ... apenas podemos avaliar a melhora das condições na cidade em consequência da adoção geral do automóvel (grifo nosso). As ruas limpas, sem poeira e inodoras, onde circulam rapidamente e silenciosamente as automóveis leves sobre pneus, eliminariam em grande parte a nervosidade, a distração e a tensão da vida metropolitana moderna. (citado por Froese-Germain e Moll, 2001)
O que você acha da introdução do automóvel nas cidades, na sociedade? Você conhece alguns problemas sociais, ambientais provocados por ele? Em questão de tecnologia, é difícil concluir às pressas, não é?
Nessa contribuição nossa, tentamos mostrar o potencial das tecnologias, das TIC, como conjunto integrado posto ao serviço do estudante motivado. Nenhuma tecnologia dará a motivação, somente o professor tem esse poder, embora limitado, de insuflar vontade de conhecer, ou melhor, de nutrir a chama, de transformar uma energia potencial no fundo do indivíduo em uma energia cinética chamada motivação. E é lá que o professor é insubstituível. E é lá que a tecnologia tem de ser enxergada com os seus limites. A qualidade proveniente das tecnologias não encontra-se no processo bidirecional ensino-aprendizagem, mas sim na criação de condições de eficácia e eficiência na configuração do meio ambiente educacional. No nosso empreendimento futurístico, pusemos o professor em dosa dupla: ela mesmo e o tutor, ambos possívelmente em modos síncrono e assíncrono.
Tecnologia sim, sem professor não!
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Parte de outro Material
Nesta parte, foi desvelada a interação entre os dois atores do processo aprendizagem-ensino: o estudante e o tutor. Começamos tratando da tela de fundo desse encontro: a instituição de ensino.
A instituição, num ambiente adequado, nutre o estudante e o tutor com um material de qualidade e um processo pedagógico apropriado as necessidades do estudante, do tutor e da disciplina. Também ela põe uma infra-estrutura múltipla: comunicacional, procedural, administrativa, instrumental e educacional, criando condições de exercício do processo aprendizagem-ensino confortáveis, simples e eficazes para ambos: o estudante e o tutor. Eis a razão que explica o tratamento inicial da qualidade da instituição no primeiro capítulo desta parte.
Pelo tutor, a EaD se humaniza. Com um tutor bem preparado, numa estrutura tutorial ajustada as circunstâncias próprias ao ambiente em que a instituição providencia os seus serviços, o estudante se engajará na sua aprendizagem com o mínimo de ruído causado pela instituição. Os inconvenientes possíveis da sua situação de estudante a distância provirão essencialmente do seu meio ambiente de vida. Reforçamos aqui a importância do tutor, da sua atuação correta, ou seja adaptada ao estudante como um tudo, sobre o desempenho deste. Mesmo quando o estudante realiza as suas aprendizagens com muita autonomia, as poucas interações com o tutor, quando necessitadas, terão, sendo bem feitas, um efeito apreciável sobre o seu estado de espirito e, logo, tornaram-se um incentivo motivacional. O EaD hoje é um modo de ensino com tantas possibilidades de humanização quanto o presencial. O segundo capítulo desta parte tratou das condições para conseguir a oferta de uma tutoria propicia ao bom desempenho do tutor e do estudante.
O estudante aproveita o melhor dessa instituição adequadamente organizada e do tutor adaptado às suas necessidades. Mas isso não basta. Vimos que como sujeito das suas aprendizagens, o estudante precisa de pré-requisitos para obter êxito nas suas aprendizagens feitas no EaD. Foram destacados, no último capítulo desta parte, as características pessoais fortemente desejáveis e as condições propícias a um aprendizado ótimo em um ambiente de EaD. O estudante faz parte do processo de implantação da qualidade por ser o sujeito principal de todo o processo aprendizagem-ensino.
Em retrospecto, consideramos o tratamento distinto desses três componentes como uma operação investigativa redutora. A realidade das interações entre eles é muito mais complexa que possa aparecer através desse tratamento parcelado. Portanto, o objetivo era destacar as fontes da qualidade em cada um sem risco de confusão entre os três componentes. É por isso que escolhemos a abordagem separada dos três em capítulos distintos. Deixa aberta a possibilidade de uma análise mais complexa das interligações entre eles e dos seus efeitos sobre a qualidade.
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