sábado, 13 de abril de 2013

Ensino a distância: veja respostas para as dúvidas mais frequentes


    Assim como o presencial, o curso a distância tem provas, exercícios, notas mínimas e repetênciaAssim como o presencial, o curso a distância tem provas, exercícios, notas mínimas e repetência
CONCEITO
O que é ensino a distância?
Segundo a Abed (Associação Brasileira de Ensino a Distância), fazem parte do ensino a distância (EAD) os cursos nos quais mais de 70% do conteúdo é desenvolvido por meio de atividades que não exigem que aluno e professor estejam no mesmo espaço, na mesma hora. O material pode chegar ao estudante por diversos meios, como rádio, satélite, correio ou internet –recurso mais comum atualmente.

Quem pode fazer EAD?
Não há restrições em relação ao perfil do aluno. Assim como em cursos presenciais, porém, os cursos a distância têm pré-requisitos segundo o nível de escolaridade: para fazer uma graduação é preciso ter concluído o ensino médio, por exemplo. Além disso, o aluno precisa ter acesso à infraestrutura mínima exigida pela instituição, como computador ou telefone.
Um curso a distância é mais fácil que um presencial?
Não. Os cursos a distância, assim como os presenciais, têm exames, trabalhos, frequência, notas mínimas e repetência, exigindo tempo e dedicação. Para muito estudantes, contudo, a modalidade é mais fácil porque oferece mais liberdade para estudar em um ritmo diferente do tradicional.

Quais as vantagens de se fazer um curso a distância?
De maneira geral, as três principais vantagens são: montar a própria rotina de estudos, dedicando-se às aulas nos horários mais convenientes ao aluno; economizar tempo ou dinheiro com o deslocamento até a instituição de ensino; pagar um preço mais baixo pelo curso. 

Que tipo de cursos são oferecidos nesta modalidade?
É possível fazer cursos a distância em quase todos os níveis de ensino: médio e técnico, graduação, especialização e cursos profissionalizantes. Existe também uma ampla oferta de cursos livres, como os preparatórios para concursos, cursos de idiomas e corporativos.
Preciso mostrar algum diploma para fazer EAD?
Em geral, sim. Assim como na versão presencial, se a intenção é fazer um curso superior, é preciso apresentar o diploma de conclusão do ensino médio; se o interesse é por uma pós-graduação, o candidato deve comprovar que tem nível superior. Já os pré-requisitos para cursos livres variam de acordo com cada instituição, que pode, por exemplo, exigir que o aluno seja apenas alfabetizado.

Como verificar se um curso está regular no MEC?
O MEC mantém uma lista oficial de instituições de ensino autorizadas a oferecer cursos de graducação e de pós-graduação lato sensu, que pode ser consultada em seu site. O sistema de busca funciona por município.
Cursos a distância são mais baratos?
Sim. Por exigirem menos infraestrutura, geralmente os cursos a distância têm preços mais baixos do que os seus correspondentes presenciais. Em uma mesma instituição, o valor para a modalidade a distância chega a ser 75% menor, segundo levantamento feito pelo consultor João Vianney, da Abed.
DIPLOMA

Um diploma de EAD tem o mesmo valor dos demais?
Sim. Desde 1996 a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) prevê a existência de cursos a distância para a educação básica e superior (ensino médio, técnico, graduação e pós-graduação) e determina que seus diplomas tenham o mesmo valor que dos presenciais.

O diploma especifica que o curso foi feito a distância?
Não. Como o diploma obtido em um curso a distância tem o mesmo valor legal daquele obtido em aulas presenciais, não há nada no documento que diferencie um e outro.
O diploma de EAD também é válido em concursos públicos?
Sim, tanto quanto o diploma de curso presencial. Entretanto, ainda é possível encontrar editais que tentam excluir os candidatos formados por EAD. Como essa diferenciação não encontra amparo legal, nos últimos anos os editais que fazem essa exigência têm tido a cláusula anulada judicialmente.
MERCADO DE TRABALHO
Na hora de procurar emprego, há discriminação por parte das empresas?
Em geral, não. Embora alguns setores da sociedade ainda mantenham preconceito em relação a profissionais graduados a distância, a resistência das empresas está cada vez menor, garante Constantino Cavalheiro, diretor da Catho Educação. Para ele, muitas corporações já encaram a modalidade como um diferencial positivo do currículo. “Para fazer um curso a distância, o aluno deve desenvolver algumas características que o mercado julga essenciais, como iniciativa, disciplina, organização, conhecimento de tecnologias e planejamento”, afirma.

É preciso explicitar em uma entrevista de emprego ou no currículo a modalidade de formação?
Não. O que importa são os conhecimentos adquiridos durante o curso, não a modalidade por meio da qual eles foram obtidos. “A preocupação [do contratante] deve estar sempre voltada para reputação da instituição, grade curricular do curso, qualidade dos professores, tecnologias utilizadas e capacitação para o mercado de trabalho”, diz Constantino Cavalheiro, da Catho Educação. No entanto, se o entrevistador perguntar, não omita a informação e explique os motivos que o levaram a escolher o ensino a distância.

Quem fez EAD ganha menos do que quem fez cursos presenciais?
Não. O estudo "A Educação Profissional e Você no Mercado de Trabalho", publicado em 2010 pelo professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) Marcelo Neri, mostrou que alunos que completaram o ensino técnico presencial e a distância tinham a mesma média salarial.
ESTRUTURA DE ENSINO
Ensino a distância tem prova?
Sim. Por lei, todos os alunos de cursos da educação básica e superior (ensino médio, técnico, graduação e pós-graduação) têm que se submeter a exames presenciais regulares. Quem não atinge a média é reprovado, precisa cursar a disciplina mais uma vez e, depois, refazer a prova. Em cursos livres não existe essa obrigatoriedade, mas é comum as instituições de ensino concederem o certificado apenas ao estudante aprovado em exame presencial.

Se o curso é a distância, por que é preciso assistir a aulas presenciais?
Uma portaria do MEC determina que, mesmo no ensino a distância, ao menos 20% da carga horária da graduação seja feita de modo presencial. Entre as atividades presenciais obrigatórias estão estágios, práticas em laboratórios e defesa do trabalho de conclusão de curso.

Para estudar, é preciso ter um computador muito potente ou entender muito de informática?
Não. Um computador com configurações básicas e acesso a internet banda larga e o conhecimento de procedimentos simples, como downloads e reprodução de vídeos on-line, são suficientes. Se forem necessários programas específicos, a instituição de ensino deve orientar os alunos quanto à obtenção e ao uso. Todas as dúvidas em relação ao acesso e à utilização do material on-line devem ser esclarecidas por tutor ou responsável pelo curso.

Qualquer tipo de curso pode ser feito a distância?
Por lei, o ensino médio e o técnico e qualquer curso de graduação e de pós-graduação podem ser feitos a distância. Na prática, porém, ainda não há no Brasil a oferta de cursos de medicina, nem de doutorados, por exemplo.

Se vou estudar em casa no meu ritmo, por que os cursos têm duração pré-determinada?
Porque a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) determina que os cursos a distância para os ensinos médio e técnico e para graduação e pós-graduação sejam projetados com a mesma duração da modalidade presencial. Para os cursos livres, o critério de tempo varia de acordo com cada instituição.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Internet/Web terá conteúdo de universidades neste semestre


O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que a proposta de publicação na internet do conteúdo de palestras, seminários e cursos de universidades federais deve começar no primeiro semestre deste ano. A ideia, segundo ele, é multiplicar a capacidade pedagógica e de aprendizagem no país.
Mercadante afirmou que o projeto - chamado por ele de "universidade livre" - está em fase de estudo tecnológico, em que o governo avaliará qual a melhor plataforma para colocar o material na internet.

O projeto, no entanto, depende da adesão das instituições públicas de ensino superior, que têm autonomia para aderir ou não ao programa. Mas o ministro está confiante. "Pelo que conversamos com os reitores há grande simpatia pela iniciativa". Ele ressaltou que o acompanhamento das palestras e cursos pelos eventuais alunos não substitui o diploma universitário.

O governo realizou nesta quarta-feira seminário com o professor Salman Khan, da Khan Academy, fundação sem fins lucrativos que publicou mais de 3,8 mil videoaulas na internet. Esse método já vem sendo usado experimentalmente em escolas públicas brasileiras.

"Queremos que [esse sistema] seja mais uma opção de todos os professores, de todos os educadores", afirmou Mercadante. "Nada substitui a relação professor-aluno. Mas essa é mais uma opção para receber boas aulas e práticas didáticas exitosas."

Caso o professor queira usar o método de "forma intensa", o Ministério da Educação está disposto a apoiar, não somente essa, mas também "outras plataformas de ensino pela internet", disse Mercadante, em entrevista após o seminário.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ampliação de lei relacionada a redução de custos de EaD

Dilma amplia lei relacionada a redução de custos de educação a distância


O Diário Oficial da União publicou nessa quarta-feira (4) alteração em um item da lei que prevê incentivos ao desenvolvimento de programas de ensino a distância. Segundo decreto sancionado pela presidente Dilma Rousseff, o objetivo é reduzir custos de transmissão na veiculação da modalidade educacional.

A publicação altera o artigo 80 da lei nº 9.394 (item I do Parágrafo 4º) e contempla outros canais de comunicação com a redução de custos.

O item, que compreendia "custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens", agora passa a incluir "outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público".

A mudança ocorre na lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e foi assinada pelos ministros da educação Aloizio Mercadante, e das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Evento internacional sobre educação na era digital


Celda 2013
O IADIS 2013 - CELDA tem como objetivo abordar as principais questões envolvidas com a evolução dos processos de aprendizagem na era digital. A conferência colocará em pauta os paradigmas da aprendizagem just-in-time, aprendizagem centrada no estudante e colaborativa que surgiram e estão sendo apoiados pelos avanços tecnológicos, tais como simulações, realidade virtual e sistemas multiagentes.
A conferência será realizada entre os dias 22 e 24 de outubro, em Fort Worth, Texas, EUA. Mais informações e inscrições no site do evento.
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terça-feira, 9 de abril de 2013

MEC desenvolve plataforma nacional digital da educação


O Ministério da Educação (MEC) está elaborando, em conjunto com secretarias, organizações sem fins lucrativos e empresas, uma plataforma nacional digital para a educação básica. A ideia é que ela ofereça aulas digitais estruturadas, com objetos de aprendizagem variados (vídeos, textos e jogos), e um conteúdo esquematizado - mas de modo com que cada rede ou escola organize seu currículo. A plataforma começou a ser pensada em fevereiro e deve ser lançada no início do ano que vem.
A ideia é de que as aulas digitais tenham níveis de complexidade, para que alunos em diferentes fase de evolução possam escolher o que fazer - objetivo é que haja opções do tipo de aula. O portal deve contar ainda com um sistema de avaliação que, além de monitorar o que o aluno aprendeu, já o direcione para um exercício ou conteúdo específico.
O plano inicial era começar a construção do projeto com uma plataforma voltada para os anos finais do ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano). Mas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, por causa da preocupação do governo federal com o ensino médio, essa etapa não será deixada de lado já no início. Se for para aplicar recursos federais na produção de conteúdos digitais, esse investimento será feito para suprir o ensino médio.
Desde o ano passado, a pasta está mobilizada com secretarias estaduais para fortalecer uma nova identidade para essa etapa. E, nesse plano, a tecnologia teria papel fundamental.
O conteúdo dessa nova plataforma estaria organizado de acordo com as expectativas de aprendizagem baseadas nos descritores da Prova Brasil. Além de prever a produção de conteúdo especialmente para formar o portal, o projeto também deve reunir iniciativas bem-sucedidas realizadas pelo País.
A ideia de um modelo nacional surgiu de uma dessas iniciativas, a da cidade do Rio de Janeiro. As escolas cariocas contam desde 2011 com a Educopédia, plataforma de conteúdo digital. Como todo o material é aberto, cerca de 200 municípios utilizam formal ou informalmente. "Em uma visita de integrantes do MEC ao Rio, começamos a pensar o que seria uma plataforma nacional, que pudesse ser customizada para cada Estado", explica a secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin.
Segundo ela, cada rede poderá colocar seu próprio sequenciamento de aulas e currículo e também customizar conteúdos. "Apesar de ser mobilizada pelo MEC, com participação nossa e de outras secretarias, ainda haveria a possibilidade de as redes recriarem para diferentes contextos, sem que nada seja idêntico."
A secretária lembra que durante muito tempo houve um debate sobre se colocar computadores na escola era desperdício, "e, de fato, só essa presença não mexeu com o processo de aprendizagem". "Mas hoje o computador entrou como ferramenta de apoio ao professor e de aprendizagem do aluno. A utilização adequada de portais de aprendizagem permite uma educação personalizada, sem perder a escala", diz ela, citando o que tem sido feito com o novo modelo de escola criado na cidade.

Colaboração

Além de aulas prontas (divididas em três níveis de complexidade), a plataforma deve ser equipada com ferramentas de customização e criação de novas atividades, áreas de compartilhamento e orientações para os professores.
Um grupo de instituições e empresas já está participando das conversas. "Há uma série de inovações que a iniciativa privada pode trazer, além de reunir esforços para um projeto único", diz Anna Penido, diretora do Instituto Inspirare e portal Porvir. Anna tem colaborado na sistematização de uma proposta e também no mapeamento de ações realizadas pelo País e que podem ser aproveitadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Casimiro News - Notícias, Artigos e Guias de Serviço da cidade

Documentos da ditadura estarão disponíveis na internet a partir de segunda 


Os arquivos e prontuários do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo, (Deops), órgão de repressão do país no período da ditadura, poderão ser acessados na internet a partir da próxima segunda-feira (1º). Ao todo, cerca de 1 milhão de páginas de documentação foram digitalizadas.

O trabalho é resultado da parceria entre a Associação dos Amigos do Arquivo Público de São Paulo e o projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

De acordo com o Ministério da Justiça, as informações, além de serem um importante registro histórico, poderão facilitar o trabalho de reparação feito pela Comissão de Anistia, uma vez que poderão ser usadas como ferramenta para que perseguidos políticos consigam comprovar parte das agressões sofridas.

A digitalização dos documentos foi feita em dois anos e deve continuar até 2014. Para a realização do trabalho, a Comissão de Anistia transferiu mais de R$ 400 mil à Associação de Amigos do Arquivo. Em dezembro de 2012, o Ministério da Justiça autorizou novo repasse, de mais R$ 370 mil, para digitalização de outros acervos.
A cerimônia de lançamento do portal na internet está marcada para a próxima segunda-feira, às 10h30, no Arquivo Nacional de São Paulo. 
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domingo, 7 de abril de 2013

Educação 3.0 - Tecnologia que integra Pessoas

A mera presença dos objetos técnicos em sala de aula não significa necessariamente inovação. Pode até ser um grande retrocesso. O computador sozinho não faz nada”, afirma Edvaldo Couto, professor da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Educação pela Unicamp e palestrante das duas edições do InovaEduca 3.0, SP e Recife, ele trabalha em suas pesquisas temas como cibercultura, tecnologias educacionais e criação de narrativas em ambientes digitais. Defensor assíduo do “uso de toda e qualquer tecnologia em sala de aula”, Edvaldo acredita que a Educação 3.0 será aplicada com sucesso quando alguns problemas estiveram solucionados, como a falta de infraestrutura nas escolas e a má formação tecnológica dos professores.
Em entrevista ao Porvir, o professor abordou as questões que permeiam o uso da tecnologia na sala de aula, como isso tem sido feito no Brasil e, ainda, falou sobre as perspectivas educacionais para um futuro próximo. Confira:
Como usar a tecnologia de forma inovadora?
A mera presença dos objetos técnicos em sala de aula não significa necessariamente inovação. Pode até ser um grande retrocesso. O computador sozinho não faz nada. A Educação 3.0 é a tecnologia de pessoas, que integra pessoas. Para usar as tecnologias digitais de forma inovadora nas práticas docentes precisamos solucionar simultaneamente três problemas:
1 – Melhorar a infraestrutura tecnológica. Existem escolas que receberam computadores e não têm luz elétrica ou acesso à internet. Muitas escolas não têm água potável, não têm biblioteca, não tem sequer professores. Para complicar, os computadores são em número limitado, não tem para todos. É preciso ampliar e criar novas políticas públicas capazes de construir uma boa infraestrutura tecnológica nas escolas.
2 – Melhorar o acesso à rede. A banda larga no Brasil é uma piada. É preciso investir e melhorar a banda larga, entender que conexão é uma necessidade básica da população. Os custos no Brasil, por um serviço sempre ruim, são altíssimos. Precisa reduzir drasticamente o custo e ampliar a velocidade da rede. A internet veloz precisa estar disponível nas escolas. Não pode ser um projeto de algumas escolas particulares e muito caras. Deve ser presença em todas as escolas. Em cada escola pública.
3 – Formar adequadamente os professores para a cultura digital. Muitos professores não sabem o quê nem como fazer uso das tecnologias digitais em suas práticas docentes. Não pode ser apenas um cursinho de poucos horas para ensinar a ligar e desligar aparelhos. Os professores devem ser letrados digitalmente, ter autonomia e liberdade, precisam ser sujeitos integrados na cultura digital.
Esses três pontos na verdade ressaltam que, quando se fala em tecnologias digitais não mais falamos em máquinas, mas em pessoas conectadas, fazendo coisas incríveis porque estão juntas, trabalham em parcerias, de modo coletivo. Se as pessoas não estiverem conectadas e não tiverem liberdade para discutir e criar, nada mudará na educação.
crédito peshkova / Fotolia.com“Educação 3.0 é a tecnologia que integra pessoas”
 
Uma de suas pesquisas é voltada para a Narrativas de Professores nas Redes Sociais Digitais. Como elas podem auxiliar no processo de aprendizado?
É possível que o mais extraordinário da nossa época seja o fato de qualquer pessoa conectada a internet poder narrar a sua história, contar sobre o seu modo de ver os acontecimentos, opinar sobre um produto, discutir e difundir ideias.  A Web 3.0 potencializou essa condição e permitiu a cada um narrar e publicar suas experiências. Então, as narrativas, sobretudo as pessoais, se multiplicam a cada dia nessa esfera pública que é a rede. Muitos professores vivem conetados, são incríveis narradores de si, mas sobretudo de suas práticas docentes. Essas narrativas de professores, especialmente nas redes sociais digitais, orientam, estimulam e se misturam a milhares de outras narrativas de alunos. Qualquer processo de ensino e aprendizagem se mostra mais rico e interessante em meio a essas trocas contínuas.
Como deve ser o processo de integração desse professor na cultura das redes sociais?
Esse parece ser o nosso maior desafio: incentivar professores a inovarem práticas docentes usando as redes sociais digitais.
Essa é uma boa questão, porque de fato vivemos uma estimulante e sedutora cultura das redes sociais digitais. Muitos são os professores integrados a algumas dessas redes, mas poucos usam as potencialidades desses ambientes nas suas práticas pedagógicas. Esse parece ser o nosso maior desafio: incentivar professores a inovarem práticas docentes usando as redes sociais digitais. E aqui o importante não é apenas distribuir tarefas, mas, principalmente, criar e manter espaços continuos e ativos de discussões, produções e difusões de conhecimentos.
E como definir a Educação 3.0?
A educação 3.0 traz as tecnologias digitais para a sala de aula para estimular a produção e a troca de conhecimentos. A ênfase não deve estar nos objetos técnicos, seus ambientes e aplicativos, mas nas intereações, nas trocas, no fazer coletivo. Então a sala de aula passa a ser qualquer ambiente onde as pessoas se conectam umas as outras e criam, encontram soluções para seus problemas, enfrentam coletivamente seus dilemas. Onde tem pessoas conectadas, tem ensino e aprendizagem mediados por tecnologias digitais.  O professor não é mais aquele que transmite um determinado saber pronto. Ser professor na cultura digital implica coordenar, orientar, incentivar a aprendizagem calaborativa e cada vez mais personalizada. Não se trata mais de uma mesma tarefa para todos num determinado espaço e tempo. O professor agora é aquele que coordena as atividades em torno de algum problema, ou de determinados problemas. Assim, muitos grupos, em diferentes espaços e tempos, podem trabalhar em conjunto. Cada professor, cada aluno, pode abrir uma frente de investigação e todos podem compartilhar dúvidas e descobertas. A troca contínua de experiências passa a ser um valor fundamental da Educação 3.0. Ela depende menos dos objetos técnicos utilizados e mais das articulações que são feitas. Estar conectado passa a ser a condição desse “estar junto e produzir coletivamente”.
“É possível desejar e imaginar que brevemente as paredes poderão ser derrubadas e que a escola será não um lugar, mas a extraordinária rede de conexões das pessoas cada vez mais empenhadas em processos de ensino e aprendizagem colaborativos”
Como ela tem sido usada no Brasil?
Essas experiências estão presentes em muitas escolas no Brasil. Mas ainda não é o suficiente porque em muitos ambientes escolares o modelo trasmissivo impera. Os usos frequentes das tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem vão mudar radicalmente o modo como concebemos a educação. Essas mudanças já podem ser percebida onde encontramos professores e alunos engajados, motivados e prontos para enfrentar os desafios de hoje e do futuro. O importante aqui é perceber que o aprendizado se dá por meio de ações continuadas, que não se restringem às oportunidades apresentadas pelo professor, dentro de uma sala de aula tradicional. As pessoas estão cada vez mais conectadas e isso permite explorar muitas possibilidades, criar de muitas maneiras, cada um pode desenvolver o seu ritmo de aprendizagem, abrir-se para experiências sempre renovadas.
Como seria a educação ideal para os próximos 5 (talvez 10) anos?
Não me agrada muito pensar em certas visões tão difundidas de alunos enfileirados na frente do computador. Com as tecnologias móveis e cada vez menores as pessoas estão conectadas umas às outras por meio de muitos aparelhos. A tendência é que esses aparelhos se tornem progressivamente quase imperceptíveis. Hoje já falamos numa internet corporal. Cada corpo se conectará a outros corpos. As máquinas, como intermediárias da conexão, poderão desaparecer. Restarão as pessoas conectadas e inventivas. Essa seria a realização mais plena do ciborgue. As escolas tradicionais funcionarão ainda por muito tempo e provavelmente algumas gerações ainda lutarão por inovações pedagógicas sempre aprisionadas por burocracias na gestão escolar. Os avanços serão tímidos, mas já importantes, como alguns já citados. Viveremos ainda um bom tempo entre paredes e redes. Mas também é possível desejar e imaginar que brevemente as paredes poderão ser derrubadas e que a escola será não um lugar, mas a extraordinária rede de conexões das pessoas cada vez mais empenhadas em processos de ensino e aprendizagem colaborativos. Aí a sociedade do conhecimento será de fato construída e vivenciada democraticamente.
Fonte: http://porvir.org/porfazer/educacao-3-0-e-tecnologia-integra-pessoas/20130326