quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Ensino a distância: tendência ou única opção?

Aulas de língua de sinais acontecem por meio de ensino a distância para cursos de licenciatura
A partir de 2009, a Universidade de São Paulo iniciou a contratação de profissionais para o ensino de língua de sinais. 
A necessidade, que se intensificou com a obrigatoriedade da disciplina para os cursos de licenciatura da USP, fez com que a proposta do curso fosse alterada pela pró-reitoria: as aulas, presenciais, passaram a ser realizadas via ensino a distância (EaD). “Havia uma demanda de alunos, uma escassez de professores e, com a crise, a contratação de profissionais ficou dificultada”, disse Felipe Venâncio, professor de língua de sinais da Universidade.
Por duas vezes, o edital para professor do curso de libras na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) foi aberto e não houve sequer uma inscrição. Em meados de 2013, Venâncio e Janice Temoteo – especialista em libras – construíram o atual curso: “Fiz uma visita a uma universidade britânica em Bristol, que tem um centro de pesquisa muito importante sobre estudos da surdez, contando, inclusive, com um curso a distância. Trouxemos uma proposta que, embora não seja parecida, devido a questões técnicas, é bem interessante”, conta o professor.

“O curso [via EaD] surgiu na urgência de se cumprir o decreto de 2005. No começo, estávamos temerosos em relação ao seu funcionamento – até porque ele ainda não está em seu formato ideal – mas temos tido um feedback muito legal dos alunos”, confessa Temoteo. 
O ensino de língua de sinais à distância na Universidade tem a duração de 120 horas, e metade dessa carga horária é teórica. A outra metade, prática, é desenvolvida a partir de uma websérie – toda em língua de sinais.
“A websérie conta a história de um garoto surdo em uma escola de ouvintes, e aí vem não só a discussão do ensino da língua, mas também a temática da inclusão, da inadequação da escola e de como os colegas e professores recebem esse aluno. A gente conseguiu discutir isso”, disse Venâncio, que propôs o argumento da websérie e desenvolveu todo o conteúdo prático, dramatical e lexical das aulas.
Em 2014, o primeiro semestre da disciplina “Língua Brasileira de Sinais EaD” foi oferecido: “Foi um semestre meio atrapalhado, porque não tínhamos terminado a websérie ainda. Começou a valer em 2015. E pretendemos melhorar o curso ainda mais”, disse Venâncio. Um dos problemas que ainda não estão resolvidos, por exemplo, é o fato da websérie apresentar legendas enquanto os personagens fazem sinais, fazendo com que haja um estímulo competitivo: ou você olha para a mão, ou para a legenda.
Os dois desenvolvedores da disciplina garantem que a matéria é pesada. “Todo mundo acha que vai ser fácil, e não é bem assim. Tem um texto obrigatório por semana, um vídeo de aula teórica com o professor Felipe e a websérie. Tenho escutado dos alunos que a disciplina é legal, mas que é pesada”, conta Janice.

Fonte: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2015/10/ensino-a-distancia-tendencia-ou-unica-opcao/

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