segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Projeto faz sauditas se apaixonarem por ciências

“Você está louco! Como pode acreditar que crianças vão querer ir a um intensivo de ciências no verão?”. Essa e outras declarações céticas foram ouvidas incontáveis vezes por Khalid S. Al-Yahya, idealizador do iThra Youth Initiative, um dos seis projetos vencedores do prêmio Wise 2013, que destaca ideias inovadoras em educação pelo mundo. O programa promove workshops para alunos e professores, cursos de férias, concursos e viagens com o objetivo de ensinar matemática, ciências, tecnologia e engenharia a adolescentes na Arábia Saudita.
Embora o conceito do iThra Youth Initiative tenha sido concebido há nove anos, só começou a chegar a estudantes em 2012, ainda em fase beta e contando com voluntários, para oferecer um treinamento prático em apenas uma escola. O objetivo da King Abdulaziz Center for World Culture,instituição financiada por doações de empresários e desenvolvedora do programa agora já experimentado por 15.000 alunos, é atingir 2 milhões de jovens até 2020.
crédito Sophie James/Fotolia.com

Segundo Khalid S. Al-Yahya, existe uma grande população jovem na Arábia Saudita, mas o sistema tradicional de ensino centrado no professor não os prepara para se tornarem cidadãos globais. “Há uma grande gap entre as gerações mais novas e as anteriores. Queríamos fazer algo que fosse de impacto na vida das crianças, que mude a vida delas”, disse o líder da iniciativa ao Porvir.
A primeira turma de teste inspirou o módulo inicial do programa, o iSpark, que é um workshop de 20 horas em uma semana oferecido dentro das escolas para alunos do 8o e 9o anos. Nesse treinamento, diferente do que ocorre nas aulas normais, os estudantes precisam desenvolver atividades práticas e que estimulam a criatividade para aprender ciências, engenharia, arte e mídia.
“No workshop tem sempre algo desafiador e divertido para eles (os alunos) desvendarem. No programa de genética, por exemplo, criamos um ambiente de investigação criminal e eles entram em contato com vários conceitos sobre DNA, impressões digitais, identificação pela íris do olho…É tudo prático, não tem aula expositiva, e eles adoram”, explica o cientista Al-Yahya.
Depois de aplicá-lo para grupos pequenos, já no primeiro ano em que o iSpark foi oferecido para valer, havia 1.000 vagas disponíveis e 10.000 se candidataram. Em 2013, 2.000 alunos (11 classes para meninos e 11 para meninas) serão atendidos ao todo. “Os diretores das escolas que recebem o iSpark nos ligam e perguntam: o que aconteceu com os nossos estudantes?”, conta Al-Yahya.
Esse sucesso fez com que várias empresas procurassem a instituição para financiar o projeto, que pode ser expandido para um segundo módulo, o iDiscover, uma imersão temática de ciências e matemática para alunos e professores durante as férias. O programa para educadores é de 5 dias, com atividades das 7h às 17h, e o dos alunos é de 10 dias, das 7h às 19h.
“Já participaram do iDiscover 4.000 alunos e 2.000 professores. Todos dizem o mesmo, que mudaram a maneira como olham a ciência”, diz  Al-Yahya. Isso ocorre, segundo ele, porque a maioria dos alunos – e até professores – nunca foi introduzida ao tema de forma relacionada à realidade. Nos programas do iThra Youth Initiative o aprendizado se dá pela experiência, através de trabalhos em grupo, desenvolvendo projetos e o pensamento estratégico. Os tutores da experiência que acontece em cinco cidades (Hail, Jeddah, Yanbu, Jazan and Alahsa) são treinados por especialistas da Lawrence Hall of Science, da Universidade da  California (EUA).
Formação completa
A partir desses módulos principais da iniciativa, surgiram outros: o iWander (viagens internacionais para visitar centros de tecnologia e museus com os melhores alunos), iBroadcast (site interativo com conteúdo engajador), iInspire (eventos públicos com personalidades inspiradoras) e iRead (festival de leitura), que completam o pacote de formação idealizada pelo iThra Youth.
Al-Yahya explica que embora o foco do programa sejam as ciências exatas, o objetivo é preparar jovens para os desafios da sociedade atual e nesse contexto a comunicação é importante. Por isso, está promovendo o concurso de leitura pela primeira vez em 2013. “É o American Idol da leitura”, compara.
Para participar do iRead, alunos de todo o país devem ler um livro, escrever uma análise e depois apresentá-la oralmente. Eles passam por avaliações e os finalistas  recebem treinamento para fazer essa leitura na cerimônia final, que será um grande show. “Para ser um cidadão global é necessário uma gama de habilidades e queremos oferecer todas elas aos nossos jovens”, completa Al-Yahya.

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