sábado, 14 de dezembro de 2013

Estrangeiros buscam práticas inovadoras no Brasil

Como promover um ambiente de aprendizagem capaz de desenvolver todo o potencial dos estudantes? E mais: como fomentar métodos de ensino pautados em práticas que estimulem, acima de tudo, a criatividade, a curiosidade e a paixão dos alunos? Esses são dois dos questionamentos tidos como fundamentais por um grupo de jovens europeus atualmente de passagem pelo Brasil. Eles fazem parte de um coletivo que pretende catalogar práticas inovadoras e alternativas de educação oferecidas por escolas, instituições e projetos sociais no país. Com o projeto Edu On Tour, os jovens buscam questionar o sistema tradicional de educação – que segundo eles, não oferece um ambiente “saudável” de trocas de conhecimentos entre professor e aluno – , ao mesmo tempo que destacam ações que podem servir de inspiração para mudanças neste atual modelo formal de ensino.
Para tanto, eles propõem um verdadeiro tour por algumas cidades brasileiras. Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília foram algumas das escolhidas. O mapeamento das práticas, no entanto, não se limita a essas localidades. Uma vez estando no Brasil, a ideia é que com os contatos estabelecidos dentro e fora dessas cidades, outros projetos inovadores sejam mais facilmente catalogados. E o objetivo já vem sendo cumprindo. Desde do início da jornada, em setembro, até o presente momento, mais de 35 iniciativas já foram mapeadas. A previsão é que até o final de dezembro, quando se encerra a expedição, mais uma dezena de projetos seja identificada no mapa colaborativo que já pode ser consultado na página do Edu On Tour.
crédito twobee / Fotolia.com
 
Entre as iniciativas catalogadas está o Colégio Viver, localizado em um sítio em Cotia (SP), focado na construção da autonomia dos alunos desde os primeiros anos de estudo. Em São Paulo, também foi catalogada a escolaPoliteia, localizada na zona oeste paulistana, e adepta à educação democrática. Além dela, a escola municipal paulistana Amorim Lima e oProjeto Âncora, também em Cotia, foram outros projetos considerados exemplos de inovação em práticas educacionais. Juntam-se a eles iniciativas no Rio, Brasília, Curitiba, Salvador e Recife.
“Nos consideramos um projeto internacional focado na educação. Nosso principal objetivo é mapear maneiras alternativas de se criar uma cultura de aprendizagem. Queremos assim, tornar visíveis as boas iniciativas ainda pouco conhecidas pelos próprios brasileiros. Além disso, ainda buscamos conectar estas iniciativas do país com outros projetos dentro e fora do Brasil. E, por fim,  esperamos mostrar tais exemplos de uma educação inovadora para entidades governamentais. A ideia é estimular a aplicação de algumas dessas iniciativas nas redes formais de ensino”, afirma, em vídeo, o empreendedor social italiano, Matteo Tangi, de 26 anos, um dos integrantes do grupo.
E o italiano não está só. Ainda fazem parte do coletivo, a jovem alemã Carola von Szemerey, o austríaco Philippe Greier e o alemão Lennart Reymann. O grupo – que não é fechado, ou seja, está aberto  a participação de voluntários que compartilham da mesma posição –, busca não apenas “tornar visível para o público essas práticas alternativas”, como também colocar os “atores da transformação” em contato em si, conforme descrito no site da coletivo. “Nós percebemos que projetos próximos não se conhecem muito bem, não se conversam. Buscamos com EduOnTour construir uma comunidade de educadores. Além disso, esperamos também trocar nossas experiências em educação com as pessoas que estamos conhecendo nessa viagem fantástica que fazemos aqui no Brasil”, diz Philippe Greier.
Greier se refere a experiências que os integrantes tiveram em visitas a outros países do mundo, antes de embarcarem no Brasil. Parte da equipe já esteve visitando projetos inovadores em nações como Porto Rico, Dinamarca, Áustria, Suécia e Reino Unido antes de chegar ao país. No entanto, o Brasil é considerado o primeiro país em que o grupo sistematiza suas ações, compila suas experiências em um diário de bordo on-line e na página oficial do Facebook. Ou seja, se antes a ideia de catalogar boas práticas de educação alternativa era apenas um desejo, agora, os jovens encaram como um “caminho que não tem mais volta”. Segundo Lennart Reymann, a expectativa é que com o resultado final do Edu On Tour Brasil o grupo consiga apoio de organizações internacionais dispostas a financiar a jornada em outros países e até mesmo a continuidade de ações no Brasil. Por enquanto, todos os custos são bancados pelos próprios jovens entusiastas.
Mas para provar que a excursão pelo país é levada à sério, mesmo sendo bancada do próprio bolso, a equipe disponibiliza on-line uma lista de atividades agendadas. Recentemente, por exemplo, eles foram convidados a participar da I Conane (Conferência Nacional de Alternativas para uma nova Educação) em Brasília. O evento reuniu representantes de projetos brasileiros bem sucedidos de educação integral e inovadora. Os jovens também apoiaram a criação do manifesto público produzido por ocasião do encontro que defende novas práticas de ensino. O documento já foi entregue ao ministro da educação Aloisio Mercadante.
E para estimular ainda mais a disseminação de uma visão mais democrática da educação, os gringos do Edu On Tour veem realizando uma série de visitas junto a educadores respeitados no país, que desenvolvem ações de impacto social em suas instituições. Uma delas é a dona Eda, do Cieja Campo Limpo, especializada em educação inclusiva. Durante esses encontros, a equipe veem coletando imagens e realizando entrevistas com esses atores. A ideia é que após o final do tour pelo Brasil, todo o percurso se transforme em um documentário. O vídeo, contudo, ainda não tem previsão de lançamento. Amostras de tais encontros, no entanto, podem ser conferidas no tumblr criado pela trupe. Lá, também é possível conferir outros depoimentos e entrar em contato com os jovens desbravadores. A previsão é que eles finalizem o tour pelo Brasil no dia 27 de dezembro.

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