quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Princípios e Direitos da Educação On-line


Princípios e Direitos da Educação On-line

Um grupo formado por 12 especialistas em educação on-line do mundo se reuniu para elaborar uma Declaração de Princípios e Direitos da Educação On-line, dentre eles Sebastian Thrun, da Udacity, e Betsy Corcoran, cofundadora do Edsurge. Durante mais de um mês, eles se debruçaram sobre os limites éticos do ensino virtual, até onde se pode ir e que valores respeitar. Eles produziram um documento, traduzido do EdSurge pelo Porvir, com os 9 direitos e 10 princípios da educação no contexto virtual.
“Acreditamos que os cursos on-line podem criar oportunidades de aprendizado significativas e em escala (…). Estamos cientes do quanto ainda não sabemos: que ainda teremos que explorar todo o potencial pedagógico do aprendizado on-line, o quanto isso pode mudar a forma com ensinamos, aprendemos e nos conectamos”, disseram os autores no preâmbulo do documento. Agora eles convidam os interessados no tema a contribuir com o refinamento da declaração. As pessoas podem participar na própria plataforma ou via Twitter usando a hashtag #learnersrights.
Confira, a seguir, o infográfico que resume a declaração e abaixo o texto em português.
crédito Regiany Silva / Porvir

DIREITOS
Nós acreditamos que, na nossa cultura, o aprendizado, o desaprendizado e o reaprendizado são fundamentais para a nossa sobrevivência e prosperidade, assim como respirar. Por isso, acreditamos que todos os estudantes têm direitos inalienáveis que se transferem para novos e emergentes ambientes digitais. Eles incluem:
Direito ao acesso
Todos devem ter o direito de aprender: estudantes tradicionais, estudantes não tradicionais, adultos, crianças e professores, independenetemente de gênero, raça, classe social, orientação sexual, situação econômica, nacionalidade, condições físicas em qualquer lugar do mundo. A aprendizagem deve ser acessível e disponível, oferecida em diversos formatos, para alunos que estão em um lugar específico ou aqueles que estão em algum lugar remoto, adaptando-se aos diferentes estilos de vida das pessoas, às necessidades de mobilidade e horários. A aprendizagem on-line tem o potencial de garantir que este direito seja uma realidade para uma maior porcentagem da população mundial, algo antes impossível.
Direto à privacidade
A privacidade dos alunos é um direito inalienável, não importando o lugar onde o aluno aprenda, seja física ou virtualmente. Os estudantes têm o direito de saber como os dados de sua participação foram coletados pela plataforma on-line e como serão usados pela organização e se estarão disponíveis para terceiros. Quem oferece o ensino deve ser claro quanto às implicações que as escolhas dos alunos têm em sua privacidade.
Direito de criar conhecimento público
Aprendizes em comunidades digitais e globais têm o direito de trabalhar, organizar-se em rede e contribuir para o conhecimento público; partilhar suas ideias e seu aprendizado de forma visível e conectada, se assim o desejarem. Os cursos devem incentivar a participação aberta e envolvimento significativo com o público real onde for possível, incluindo os pares e o público em geral.
Direito à propriedade intelectual
Os estudantes também têm o direito de criar e ter propriedade intelectual e dados associados a sua participação em cursos on-line. Programas on-line devem encorajar a abertura e o compartilhamento, já que entre os seus deveres, está o de educar os alunos sobre como proteger e licenciar seus dados e trabalhos criativos. Qualquer mudança em termos de serviço deve ser claramente comunicada por quem está oferecendo o serviço e elas nunca poderão contrariar os termos originais de prividade e de propriedade intelectual com os quais os estudantes concordaram.
Direito à transparência financeira
Os estudantes têm o direito de saber como a sua participação suporta a saúde financeira do sistema on-line do qual faz parte. Eles têm o direito à justiça, à honestidade e a uma contabilidade financeira transparente. Isso também deve ser verdade para os cursos gratuitos. A instituição que oferece o curso deve dar explicações claras sobre as implicações financeiras das escolhas dos alunos.
Direito à transparência pedagógica
Os estudantes têm o direito de entender os resultados esperados – do ponto de vista educacional, vocacional ou mesmo filosófico – de um programa ou de uma iniciativa on-line. Se uma condecoração, uma menção honrosa ou um certificado é prometido por quem oferece o curso, sua autenticidade, significado, seu reconhecimento histórico ou pretendido (por empregadores ou instituições acadêmicas, por exemplo) devem estar claramente estabelecidos e explicados.
Direito à qualidade e ao cuidado
Estudantes têm direito ao cuidado, à diligência, comprometimento, honestidade e inovação. A eles não está sendo vendido um produto – muito menos eles são produtos a serem vendidos. Eles não são apenas consumidores. A educação se baseia em confiança. O aprendizado, e não o lucro, é o principal objetivo da educação.
Direito de ter professores excelentes
Todos os alunos precisam de professores reflexivos, facilitadores, mentores e parceiros na aprendizagem; precisam também de ambientes de aprendizagem atentos às suas metas e necessidades específicas. Enquanto apenas alguns são a favor de comunidades de aprendizagem, todos nós reconhecemos que, em contextos educativos formais, os alunos devem esperar – na verdade, até exigir – que as pessoas que estão organizando, orientando e facilitando a sua aprendizagem on-line sejam financeira, intelectual e pedagogicamente valorizadas e apoiadas por instituições de ensino superior e pela sociedade. A experiência dos professores e suas condições de trabalho são as condições de aprendizagem dos alunos.
Direito de ser professor
Em um ambiente on-line, professores não precisam mais ser as únicas autoridades. Em vez disso, devem compartilhar responsabilidades com os alunos. Estudantes podem participar e ajudar a moldar o aprendizado uns dos outros por meio da interação entre pares, novos conteúdos, do aprimoramento dos materiais de aprendizagem e da formação de redes virtuais e reais. Estudantes têm o direito de participar da construção do próprio aprendizado. Estudantes são atores, pensadores, colaboradores e não apenas receptores passivos das aulas ou métodos de alguém. Eles são colaboradores críticos em suas áreas de interesse, disciplinas e do projeto de educação.
crédito alswart / Fotolia.com

PRINCÍPIOS
Os pontos que se seguem são os princípios para os quais o aprendizado on-line deveria apontar. Nós acreditamos que o mérito de cursos específicos, programas e iniciativas podem ser julgados pela adesão a esses princípios. Seu sucesso também pode ser medido pelo incentivo a estudantes e professores para que busquem e criem ambientes de aprendizado digital que fortaleçam esses princípios.
Contribuição global
O aprendizado on-line deveria emergir de todo o mundo, não apenas dos EUA e outros países tecnologicamente mais avançados. Os melhores cursos serão globais em design e colaboração, oferencendo perspectivas múltiplas e envolvendo vários países. Eles devem maximizar oportunidades para que estudantes de diferentes países colaborarem uns com os outros, contribuam com conhecimento e histórias locais e aprendam com os métodos, valores, conhecimentos e pontos de vista de seus pares.
Valores
A função do aprendizado é permitir que os estudantes se preparem para enfrentar os desafios e demandas da vida e do trabalho. O aprendizado on-line pode servir como um meio para desenvolver habilidades. Ele também pode dar o suporte para o aperfeiçoamento, o envolvimento da comunidade, o desafio intelectual ou a diversão. Todas estas funções são válidas.
Flexibilidade
Os estudantes devem ter opções para o aprendizado on-line. Elas não devem ser apenas uma cópia dos cursos das universidades convencionais. Os melhores programas de ensino on-line não vão apenas replicar formatos pré-existentes de ensino universitário, mas vão oferecer uma série de oportunidades flexíveis de aprendizado. Tais oportunidades se valem de novas ferramentas digitais e pedagógicas para ampliar os horizontes tradicionais e, assim, atender melhor os interesses dos alunos do século 21 e as demandas de um aprendizado para a toda a vida. A ideia é que os alunos também deem sugestões e apoiem as novas formas de pesquisa interdisciplinar, que não são mais dependentes das fontes tradicionais.
Aprendizado híbrido
Sem amarras a tempos ou espaços, a aprendizagem on-line deve estar conectada com vários locais do mundo, e não exclusivamente localizada no mundo digital. Essa conexão com o mundo real pode acontecer por meio de estágios ou mesmo da resolução de problemas baseados, por exemplo, em dilemas existentes ou a partir de uma comparação histórica ou perspectivas culturais.
Persistência
O processo de aprendizagem acontece ao longo da vida, e não apenas em um período específico. As divisões muito nítidas que existiam entre trabalho, educação e diversão parecem não fazer mais sentido no século 21. A aprendizagem começa em um playground e, ao longo da vida, continua em outros playgrounds, em espaços individuais e compartilhados de trabalho, em comunidades. A aprendizagem até pode ser avaliada, mas não deve se voltar exclusivamente para a avaliação.
Inovação
As inovações técnicas e pedagógicas devem ser a marca dos melhores ambientes de aprendizagem. Os alunos aprendem de diferentes formas e, por isso, devem ser auxiliados por meio de uma grande variedade de abordagens pedagógicas, de ferramentas de aprendizagem, de métodos e práticas distintos. O aprendizado on-line deve ser flexível, dinâmico e individualizado, em vez de enlatado ou padronizado. Um formato ou abordagem não é o único apropriado para todo mundo.
Avaliação formativa
Os alunos devem ter a oportunidade de rever e reaprender até atingir o nível de domínio desejado em um tema ou uma habilidade. Os programas devem se esforçar para transformar a avaliação em um processo rico de feedback, centrado no aluno, no qual os alunos recebem informações constantes e destinadas a orientar os seus caminhos de seu aprendizado. Em termos pedagógicos, isso significa dar ênfase a uma avaliação individualizada e a ser completada em um tempo específico, em de ser aplicada no “fim do aprendizado”. Da mesma forma, os professores devem usar a avaliação para melhorar suas práticas em sala de aula. A avaliação só é útil na medida em que ajuda a promover a cultura de sucesso e prazer em aprender.
Experimentação
Experimentação deve ser uma base reconhecida e benéfica da aprendizagem on-line. Os alunos devem estar aptos a experimentar um curso e abandoná-lo sem que isso incorra em rótulos pejorativos, tais como insuficiência (para o estudante ou a instituição que oferece o curso). Por meio da discussão aberta sobre os pontos fortes e fracos dos programas, a indústria deve desenvolver, em grupo, guias de avaliação para ajudar os alunos na escolha do melhor curso on-line que se adapte às suas necessidades.
Civilidade
Os cursos devem incentivar a interação e colaboração entre os estudantes, onde quer que isso agregue à experiência de aprendizado. Tais programas devem encorajar as contribuições de conteúdo, perspectivas, métodos, refletindo sobre seus próprios pontos de vista culturais e individuais. Programas ou iniciativas de aprendizagem on-line têm a responsabilidade de compartilhar essas contribuições em uma atmosfera de integridade e respeito. Os alunos têm o direito e a responsabilidade de promover e participar de forma generosa, gentil e construtiva dentro do seu ambiente de aprendizagem.
Brincadeira
A educação on-line aberta deve inspirar o inesperado, a experimentação e o questionamento – em outras palavras, incentivar a brincadeira. Brincar permite a familiarização com as coisas novas, o aperfeiçoamento de novas habilidades, a experimentação dos movimentos e, mais importante, abertura para abraçar a mudança – um ponto-chave para o sucesso no século 21. Devemos cultivar a imaginação e a disposição para questionar, mexer e se conectar. Devemos lembrar que o melhor aprendizado, acima de tudo, transmite o dom da curiosidade, a maravilha da realização, e a paixão por conhecer e aprender cada vez mais.
Fonte: http://porvir.org/porpensar/principios-direitos-da-educacao-on-line/20130205

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