A entrevista coletiva do recém empossado ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, ocorrida nesta segunda-feira (6), permite formar uma primeira impressão sobre seus planos e o modo como pretende conduzir o ministério.
O ministro se mostrou bastante realista. Ao contrário de alguns de seus antecessores, não trouxe ideias mirabolantes e foi cauteloso. Por exemplo, ao ser questionado sobre o Enem on-line, afirmou que a experiência só seria testada no futuro. Opção acertada: antes, há que considerar segurança digital, banco de perguntas e até a logística das máquinas. Não se pode improvisar num exame que atinge oito milhões de candidatos num país de dimensões continentais.
Além disso, Janine Ribeiro sugeriu a necessidade de diálogo entre universidades e educação básica. Em boa hora: não é de hoje que os professores do ensino superior se queixam da “falta de competências mínimas” dos alunos que recebem. Por outro lado, o conhecimento produzido na academia quase não chega à escola para impulsionar mudanças. Muitas vezes, os pesquisadores desconhecem os desafios que os professores vivem. O diálogo entre esses dois mundos seria enriquecedor e transformador para ambas as partes.
Um momento significativo da coletiva foi a proposta de formar, a partir da educação, uma cultura de paz. Existem algumas iniciativas nesse sentido, em algumas escolas, ainda isoladas. A educação para a paz precisa estar ancorada em políticas públicas, num projeto capaz de promover os valores e atitudes necessárias para alcançar uma cultura de paz no país, entendida como viver em harmonia consigo, com os demais e com o meio ambiente. Esse modelo é fundamental para reduzir os índices de violência doméstica e urbana.
Parece promissora a ideia de que o MEC ajude os municípios a enfrentar juntos os desafios comuns. O exemplo foi o da seleção unificada de professores, coordenada pelo Inep, mas deveria aplicar-se a outros pontos. Na educação brasileira, gasta-se muito reinventando a roda, começando do zero projetos que outros já testaram. É preciso estimular a troca de experiências entre as Secretarias, implantar as melhores práticas. Isso é fazer mais com menos.
Faltou certa autocrítica ao falar do próprio MEC. Não há como aceitar a visão de que se dará continuidade a algo que “vem sendo feito”. Nos últimos anos, avançou-se só em quantidade e o ministro, com certeza, sabe disso muito bem. Dele, a sociedade exige a tão esperada guinada da qualidade. Como fará isso?
Fonte: http://g1.globo.com/educacao/blog/andrea-ramal/post/ministro-janine-ribeiro-espera-fazer-mais-com-menos.html
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