Em feira sobre a escola do futuro, a maior oferta ainda é de lousa digital
Introduzida no país há mais de 15 anos, ela ainda é maioria nos estandes.
Tablets com conteúdo próprio também ganham espaço na Feira Educar.
Na 20ª Educar Educador, feira e congresso internacional que começou na quarta-feira (22) em São Paulo, a lousa digital, uma das primeiras tecnologias a entrarem na sala de aula brasileira, há mais de 15 anos, ainda é o principal produto de inovação disponível no mercado educacional. Mas, agora, ela divide espaço –e interage– com os tablets, que trazem uma diversa gama de aplicativos e programas com conteúdo do currículo escolar, mas estão, em sua maioria, atrelados ao uso da lousa interativa.
A feira acontece até o sábado (25) no no Centro de Exposições Imigrantes, na Zona Sul de São Paulo. A entrada nos estandes é gratuita, mas a participação nas palestras do congresso são restritas a quem pagou a inscrição previamente.
Veja no vídeo ao lado outras novidades apresentadas na Feira Educar
Entre os 200 expositores nacionais e internacionais do evento, há empresas que importam e fabricam móveis, uniformes, carteirinhas de estudantes, livros didáticos, suportes inclusivos para deficientes, soluções de gestão escolar, equipamentos para laboratórios de ciências e softwares educativos desde a pré-escola até o conteúdo preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Mas também não faltam modelos de lousas sensíveis a toque, com canetas próprias, acesso à internet, sistema de som e até um sensor infravermelho, que permite o uso por mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
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A maioria dos produtos oferecidos pelo mercado brasileiro, porém, é importada e, por isso, o custo ainda é alto. Segundo expositores ouvidos pelo G1, uma lousa pode sair por cerca de R$ 5 mil, mas, para que ela seja usada com qualidade, é preciso transformar a sala de aula e, principalmente, treinar os professores.
Pelo pacote completo, que inclui um computador e um projetor para a lousa, o treinamento de entre 15 e 20 professores, a garantia e assistência técnica, o gasto varia entre R$ 15 mil e R$ 25 mil, segundo os expositores.
Treinamento
Segundo Jackson Prado, representante da Desk Móveis, as pesquisas de mercado mostram que, apesar da tendência de crescimento, apenas 4% das escolas brasileiras já adotaram a tecnologia nas salas de aulas. Quem responde pelo maior número delas, de acordo com ele, são as escolas da rede pública. Na China, segundo estimativas de Lin Shuyuan, representante da fabricante chinesa de lousas Returnstar Interactive Technology, entre 10% e 15% das escolas posseum um modelo de lousa digital.
Segundo Jackson Prado, representante da Desk Móveis, as pesquisas de mercado mostram que, apesar da tendência de crescimento, apenas 4% das escolas brasileiras já adotaram a tecnologia nas salas de aulas. Quem responde pelo maior número delas, de acordo com ele, são as escolas da rede pública. Na China, segundo estimativas de Lin Shuyuan, representante da fabricante chinesa de lousas Returnstar Interactive Technology, entre 10% e 15% das escolas posseum um modelo de lousa digital.
A empresa de Padro, que já fabricava carteiras escolares, também entrou no ramo das lousas digitais e oferece pacotes que incluem o produto acoplado a dois quadros brancos tradicionais e caixas de som embutida. O valor pode chegar a R$ 25 mil, e até 15 professores recebem uma capacitação que dura entre seis e oito horas para aprenderem a usar a ferramenta.
Ele afirma que já treinou mais de seis mil professores em todas as partes do Brasil e concluiu que o professor tem mais facilidade em aceitar a nova tecnologia se ainda tem acesso à antiga, por isso o quadro branco é vendido junto com a versão digital.
Tecnologia nacional
A Positivo, que fabrica seus próprios hardwares e produz softwares de ensino com tecnologia nacional, também vende pacotes que, além da lousa e dos tablets, inclui programas online e offline com planos de aula e mecanismos para que o professor possa controlar o que todos os alunos estão fazendo em seus tablets, inclusive bloquear as funções quando precisa da atenção da turma para alguma explicação. A empresa afirma que o custo da tecnologia varia de acordo com o tamanho das classes, e não revelou valores.
A Positivo, que fabrica seus próprios hardwares e produz softwares de ensino com tecnologia nacional, também vende pacotes que, além da lousa e dos tablets, inclui programas online e offline com planos de aula e mecanismos para que o professor possa controlar o que todos os alunos estão fazendo em seus tablets, inclusive bloquear as funções quando precisa da atenção da turma para alguma explicação. A empresa afirma que o custo da tecnologia varia de acordo com o tamanho das classes, e não revelou valores.
Luiz Vanderlei Diniz, da empresa Simmar, afirma que importa seus modelos de lousa digital dos Estados Unidos e atende tanto a rede pública quanto a privada. A representante brasileira traduz o conteúdo do software e do manual para o português e dá um treinamento de quatro horas a até 20 professores por lousa.
"Mas agora tenho um software novo e o treinamento dura um pouco mais", afirmou ele. Segundo ele, a versão "antiga" é de 2012, e quem comprou a lousa no ano passado pode fazer o upgrade.
De acordo com Prado, há dois ou três anos a empresa vem tentando emplacar no mercado um projetor de conteúdo em 3D. Com tecnologia importada da Índia, o projetor custa entre R$ 1.800 e R$ 2.500, mas a licença de uso do conteúdo das disciplinas pode chegar a R$ 30 mil por ano para uma sala com entre 40 e 50 computadores. "A demanda ainda não está tão grande", afirmou ele.
Gasto inevitável
Há quatro ou cinco anos, Satiko Uyeno, diretora do Instituto Santa Luzia, de Porto Alegre, diz que investiu cerca de R$ 40 mil para montar dois laboratórios digitais no colégio, que tem 750 alunos do ensino infantil ao médio. "Não tem jeito, a tecnologia veio para ficar", explicou.
Há quatro ou cinco anos, Satiko Uyeno, diretora do Instituto Santa Luzia, de Porto Alegre, diz que investiu cerca de R$ 40 mil para montar dois laboratórios digitais no colégio, que tem 750 alunos do ensino infantil ao médio. "Não tem jeito, a tecnologia veio para ficar", explicou.
O custo foi diluído na mensalidade, mas o retorno valeu a pena, segundo ela. "Os alunos mostram muito mais interesse", disse. Todos os professores da escola foram treinados, mas o uso das duas salas é mais frequente entre as duas dos anos finais do fundamental e ensino médio. "Os professores que estão mais acostumados usam mais. No futuro, queremos ter lousa digital em todas as salas, começando pelo ensino médio."
Desde a introdução das lousas interativas, Satiko conta que a escola fez uma parceria e já oferece tablets a 16 professores. Ainda não há planos para garantir um deles por aluno. "A tecnologia ainda é muito cara, mas a gente não pode fugir dela, ela chegou para se instaurar na educação."
Para o professor português Hugo Caldeira, que também participa da feira, a eficácia da tecnologia na escola não é uma questão tecnológica. "É humana, dos professores", explicou.
Segundo ele, colocar equipamentos tecnológicos na sala de aula de uma escola que não esteja ligada ao treinamento e aperfeiçoamento dos professores, além de ter um sistema de avaliação pedagógica e uma visão concreta de sua estratégia educacional, faz com que a tecnologia seja apenas um gasto, e não um investimento.
"O professor está em um momento de viragem [mudança] do seu papel. Ele vai ser um designer do aprendizado, vai desenhar o melhor processo de aprendizado possível", disse Caldeira.
Inclusão para alunos com deficiência
Outro destaque do evento foi a presença de empresas dedicadas ao desenvolvimento de produtos para facilitar a inclusão de estudantes com deficiência. Entre as opções oferecidas a alunos com deficiência visual estão impressoras em braille, capazes de copiar desenhos e textos no relevo sobre o papel e impressoras de voz, que lêem em voz alta um texto em papel aproximado a um scanner. A feira traz ainda novos modelos de teclados e máquinas de escrever para cegos, e teclados para quem tem visão baixa ou dificuldades motoras.
Outro destaque do evento foi a presença de empresas dedicadas ao desenvolvimento de produtos para facilitar a inclusão de estudantes com deficiência. Entre as opções oferecidas a alunos com deficiência visual estão impressoras em braille, capazes de copiar desenhos e textos no relevo sobre o papel e impressoras de voz, que lêem em voz alta um texto em papel aproximado a um scanner. A feira traz ainda novos modelos de teclados e máquinas de escrever para cegos, e teclados para quem tem visão baixa ou dificuldades motoras.
Estudantes com deficiência auditiva também podem usar tablets com conteúdo curricular produzido em forma de games interativos em três dimensões. Para alunos cadeirantes, a Educar oferece modelos de carteiras escolares desenhadas para facilitar o acesso.
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